"Ratis mortis, urubis pertis" , Safravus

 

Cataplum


Uma voz a mais, a menos.


Na hora de procurar a bio:
Ram Rajagopal


Ler e Ouvir

domingo, março 30, 2003

 
"Encape seu ICQ ..."

Putz.

nóia do Ram em domingo, março 30, 2003/

 
Preparamentos
Estou me aprontando para o retorno a terra de Berkelei, a terra sem lei. Dois livros seguem na mala: The Age of Spiritual Machines, do mediano Kurtzweil, e Honorary Consul do Graham Greene, que estou terminando de ler desde minha viagem no Brasil. So que nao consigo parar de brincar com o meu Tablet PC, por isso não sei se vou ler os mencionados livros. De qualquer maneira, duas estorias: Paulaner e o Pêndulo Invertido. Fica para Berkeley, e se acumula com minhas outras dívidas. Posts tonight please.

nóia do Ram em domingo, março 30, 2003/

sexta-feira, março 28, 2003

 
Rídiculo
Outra coisa que acho rídicula: um bando de gente que torce para que a guerra se transforme em uma tormenta, pois representaria a derrota dos EUA. Me desculpe, mas isto não é humano. É hipócrita. As pessoas estão sofrendo, americanos e iraquianos, e me atrevo a dizer, qualquer pessoa que sinta que o olhar de uma pessoa tem um brilho especial e é algo que a vale a pena. Pois é. Querem tripudiar dos EUA, porque não começam um movimento para montar uma universidade de engenharia capaz de desbancar o MIT? Ou senão nas olimpíadas, ou senão façam greve de fome, ou senão ponham impostos nos produtos daqui, etc ...
Agora uma pergunta que fica para qualquer pessoa que tenha parado para pensar nesta guerra, sem maniqueísmos. Tudo bem, os iraquianos estão agora em guerra, e é algo violento.
Mas, será que a intervenção americana não tem a menor chance de garantir um futuro melhor para os iraquianos? Será que mesmo que os americanos usem o petróleo iraquiano como moeda, isso não vai fazer o país crescer? Certamente irão terminar as sanções e outras coisas muito ruins para o país. Acho que as pessoas lá pensam em termos de um futuro para seus netos. E garanto que todos iriam ficar muito felizes se o Iraque se tornar um país com vida confortável. Talvez sendo "engolido" pelos EUA isso aconteça... Não faltam exemplos. Mas antes de me baterem, pensem nisto. Não é minha opinião, é só uma observação.



nóia do Ram em sexta-feira, março 28, 2003/

 
Piadas de guerra - desculpe ser chato
Atualmente recebo várias piadas na minha caixa postal sobre a guerra. No início até achei engraçado, apesar de algumas serem de um mal gosto tremendo. Mas agora, não consigo nem ler estas piadas. Tenho amigos convocados para a guerra, que já estão por lá ou a caminho do Iraque em navios. São pessoas como eu e você, que gostam de sair a noite e estudar doutorado, mas estão indo tomar tiros pelo idealismo pessoal dos americanos. Sim, os americanos que aceitaram o treinamento como soldados (entre benefícios, a universidade é paga pelo programa, qualquer universidade diga se de passagem), nem questionam quando são convocados. Mesmo que discordem da guerra. Só informam que discordam, e vão servir em missões de base. Acho que é idealismo pessoal não fugir da raia. Então pensem nos jovens americanos e iraquianos que estão lá, será que você gostaria de fazer piada sobre situações fatais da sua vida? Eu não. E agora que a guerra tem cara para mim, não quero saber de piadas. Não é piada. Vivendo e aprendendo.

nóia do Ram em sexta-feira, março 28, 2003/

quarta-feira, março 26, 2003

 
Não esqueci não
Fiquem ligados que as prometidas linhas tortas sobre o Tablet PC, e a festa em Berkeley vem aí. Até lá, plim-plim e cataploim.

nóia do Ram em quarta-feira, março 26, 2003/

 
Dentista
Porque será que vamos ao dentista? Deve ser gosto por tortura. Tive uma emergência odontológica hoje, por causa de um dente mal cuidado pelo meu dentista anterior. Tudo bem que ele estava bem velhinho, e a firmeza da sua mão não era muito confiável. Pois é, passei o mês procurando um torturador profissional, digo DDS como são chamados os formados em odonto na terra do tio Bush. Em Berkeley, os dois dentistas que me recomendaram tinham fila de espera de um mês. Plano de saúde da universidade dá nisso. Aqui em Austin foi mais tranquilo. E pela primeira vez tomei anestesia (é, tenho medo de agulha, então já até fiz coisas complicadas relacionadas a dente sem anestesia). Tudo muito bizarro. Doeu pouco. Agora ficam as seguintes perguntas:

1) Como é que alguem se dispõe a ser torturado profissionalmente uma vez por semana para sorrir melhor? (aka colocar aparelho)
2) Quando te perguntam se você gosta do seu sorriso, como é que você responde? Afinal, quem vê meu sorriso são os outros ..
3) A cárie deveria ser banida da face da terra. Será que já não basta que as coisas doces te façam engordar e aumentar o colesterol?
4) O que será que acontece quando o Saddam ou o Bush vão ao dentista? Será que ficam que nem eu, apertando uma mão contra a outra de nervoso? Será que ficam pedindo mais anestesia?
5) Se você tem dentes para comer, e você gosta de comer porque quer comida gostosa, mas se come em demasia afeta os dentes, então porque consertar os dentes se eles serão devastados?
6) Porque todo dentista sorri antes e depois do diagnóstico? Só para mostrar os dentes?
7) Ser dentista deve ser ótimo para quem gosta de monólogos. Porque será que poucos intelectuais são dentistas?
8) E no comunismo? O que acontece? Será que se um perde um dente todos os outros também tem que perde-lo?
9) No capitalismo, a tooth-fairy traz dinheiro em troca de cada dente de leite. Agora o que será que ela faz com os dentes? Ou será ela somente uma consumidora desenfreada de dentes inúteis?
10) Possibilidade de arbitragem: pegar dentes de leite na China e deixar para Tooth Fairy nos EUA.
11)Porque não combinar dentista, oculista e barbeiro numa só figura? Assim fica tudo mais simples...


nóia do Ram em quarta-feira, março 26, 2003/

segunda-feira, março 24, 2003

 
Chato
Deve ser muito chato ser coerente, emancipado e, acima de tudo, sabido.

nóia do Ram em segunda-feira, março 24, 2003/

 
Eu e + Eu
As vezes queria pensar três vezes, ao invés de duas, antes de dizer alguma coisa para alguém. Desculpem meus momentos de precipitação e insensatez.

nóia do Ram em segunda-feira, março 24, 2003/

 
Só para irritar
Sei que estou devendo várias estorias e agora também minha opinião sobre o tablet PC (o meu novo brinquedinho).... Mas sério mesmo... Cara, que barato. Comprem já. Especialmente aqueles que (1) Acham os computadores de hoje alienígenas (2) Precisam/gostam de desenhar ou ler/escrever/commentar/marcar artigos (3)Querem ter essa revolução da computação em casa ... O bichinho já virou xodó. Chato e ficar espantando os curiosos. É irresistível.

nóia do Ram em segunda-feira, março 24, 2003/

 
Mas como não sou de ferro ..
Incidente no aeroporto. Estou saind do avião, quando o piloto, tentando ser simpático, era a cara daqueles americanos que aparecem em caixa de cereais, me diz Hasalam. Eu que não sou muçulmano, nem nada, fiquei meio atônito. Mas para não criar caso, respondi: "Hasalm Maleikum para você também.". Em português. Isso mesmo. Ficou perdido, coitado. Hasalam para todos.

nóia do Ram em segunda-feira, março 24, 2003/

 
Paradinho
Estou parado na postagem porque estou curtindo meu Spring Break (isso, aquele feriado onde os college kids americanos vão para Florida aproveitar orgias e chopadas) em Austin. Fazendo adivinhem o que? Pois é, estou preparando uma demonstração de controle em tempo real de um pêndulo invertido. Vou postar um link para uma demonstração online que estou preparando. A idéia básica deste problema manjado, mas ainda padrão para demonstrar produtos novos, é analoga a tentar equilibrar uma haste de metal na ponta dos dedos. Tudo muito engeneerd. Mas como breaker fica a notícia que a maioria aqui, ao contrário de Berkeley, concorda com a guerra. Outra notícia, acabei de "ganhar" um Tablet PC para meus próximos projetos... É um computador onde o teclado foi substituido (na verdade os dois coexistem) por uma caneta que você usa para escrever direto na tela. É como se fosse uma folha de papel. E o mais legal: reconhece a minha escrita !! Oba !!!! Aguardem minha opinião sobre o que promete ser a nova revolução em computação.

nóia do Ram em segunda-feira, março 24, 2003/

sábado, março 22, 2003

 
Banalidades

As vezes desejo as coisas mais banais, nos momentos mais venais. As vezes penso que posso tudo, mas nunca me dou por contente. As vezes, só as vezes, penso que existo além de mim mesmo. Me sinto especial. Só para então, no minuto seguinte, me contrariar, pois se sou especial também sou ordinario no desejo de sê-lo. Se sou o que sou, é porque a vida me trouxe até aqui. Portanto mais especial que eu são os desígnios do destino. Outras vezes, estes meus molheres momentos, imagino os seus olhos. Fico imaginando como a vida poderia ser diferente se seus olhos me fitassem como fitam o mundo. Fico imaginando que confiaria mais no universo. Fico imaginando se tudo não passa de imaginação barata, romance de capa de revista. Mas nestes meus melhores momentos queria que minha vida fosse um romance de capa de revista. Nos meus piores momentos imploro para o destino que nunca encontre ninguém. Que nunca ninguém possa ter a benção do seu olhar alegre, fresco, repousado. Que ninguém possa sentir este aperto no coração que sinto agora. Que ninguém nunca agonize ouvindo a sua respiração em compasso com o sorriso, e as palavras doces e melancólicas que vão compondo quem você é. Nestes meus piores momentos queria que você me cruzasse o seu olhar de desprezo. Queria que você enxugasse esta minha lágrima. Queria estar no seu colo, mesmo que fosse pela amargura de ser esquecido. Pois é, as únicas horas do meu dia que me deixam inconsolável, são aquelas horas em que não tenho seu olhar. Que não consigo vislumbar o seu olhar. Quando sou esquecido, como os minutos do tempo, que marcam só mesmo os instantes de mudanças da nossa vida. Então, nestas horas não tenho nem meus melhores, nem meus piores momentos. Não tenho momentos. Só sensações. Vontade de sentir. Vontade de sentir você. De novo.

nóia do Ram em sábado, março 22, 2003/

quinta-feira, março 20, 2003

 
Ei, psiu
Ainda vou ficar devendo a conexão João Felipe, Pormengranates, Mondo Gelato, Lady Gwen, Papadimitriou, e noivas histéricas e fora de controle ... Fiquem antenados. Esqueci não.

nóia do Ram em quinta-feira, março 20, 2003/

 
Chesmat Kheili Ghashange*

Ele acordou com uma visão. Estava em Shiraz, tecelando. Cada linha de algodão ia dando forma ao padrão vermelho fosco e verde de sua pequena obra, até que num momento uma voz o interrompeu.
"Estou aqui, você me chamou." disse ela.
Seus olhos ardidos pelo suor que escorria da face, não conseguiam distinguir com clareza o interlocutor. Somente a luz do sol no fim de tarde oferecia alguma iluminação naquele quarto de fundo da casa do Sr. Farhad, o dono do ateliê.
"Quem é você?", perguntou ele. "De quem é esta voz, por Alah?".
"Sou eu. Por mim você chorou noites e noites. Por mim você deixa as marcas de sangue na sua cítara. É por mim que você implora cada vez que seus dedos entrelaçam os fios e compõem a malha que garante o seu sustento."
"Babi? Babi... Você veio? Depois de tanto tempo?".
"Vim assim que você quis me perguntar alguma coisa.".
"Mas babi, e quando tive noites de dor, de solidão, de fome? E quando vi a morte de meu pai e meu avô? E quando vi as lágrimas de minha mãe secando os cortes de seu rosto sofrido? Só agora, você vem?".
"Eu não escolho o que você sente"- respondeu a voz- "Eu não escolho o destino do seu pai e do seu avô. Eu não faço a música que cortam os seus dedos. Eu nem mesmo tenho escolha se hoje chove, se a noite vem ou se o ontem já se foi."
"Mas babi, e na hora que perdi minha vontade de viver? Quando vi o sol secar os grãos que iriam educar eu e minha irmã? Quando fui tomado pelas dívidas com o Sr. Farhad.Eu me entreguei a você sem pensar. Acreditei em você..."
"E não estou aqui agora? Não sequei os grãos, nem os plantei. Vi sua tormenta, estive sempre ali ao seu lado. Mas o que você sente, você escolhe."
"Babi, você não é o pai? Não criou a isso tudo? Ou são meus olhos que me enganam? Será que minha dúvida é verdadeira? Este mundo está me engolindo aos poucos, me derrotando."
"Estou aqui filho. Você queria me perguntar uma coisa, estou aqui para responder. Não sou eu que semeia a discórdia, nem sou eu que planto o amor. Se crio é porque assim você deseja. O que acontece, acontece. Mas sempre estou ao seu lado. O que você quer me perguntar?".
“Já não lhe fiz várias perguntas que você evita responder?"
Nisso, a voz, num suspiro respondeu: "Não. A sua pergunta você não me perguntou. Aquela que você pensou quando me chamou. Para estas outras ainda tenho que pensar nas respostas.”.
“Porque estou aqui? Porque estou vivendo isso tudo? Porque não consigo desistir de tudo? Abandonar tudo?”
“Porque você ama as pessoas.”
“Babi, mas eu desisti disso a muito tempo.”
“Você já tinha me dito isso.”
“E você não concorda? Não acha?”
“Eu acredito no que você sente. E você ainda tem vontade de sentir amor”- respondeu a voz.
“Outros olhos só me machucam. Odeio o Sr. Farhad por se aproveitar de minha família. Odeio o tempo por levar todos que amo. Odeio minha vida por ser o que ela é, e não o que escolhi, o que poderia ter sido.”
“Não odeie os outros. Ame os outros. Ame muito todos os outros.”
“Babi, eu não posso. Não sou você.”
“E eu não sou você. Mas na minha própria imperfeição, estes outros são tudo que consegui oferecer a você.”
“Como assim? Oferecer a mim?”.
“Eles são meu amor por você. São a única coisa que consegui fazer. Filho, tenho tantas imperfeições quanto aquelas que você imagina ter. Mas os criei para que você pudesse ama-los.”
“Ama-los?”.
“Pois se você ama agora, ama sempre, ama de verdade. Agora que tudo que o mundo lhe oferece são as trevas deste quarto, é também o momento em que lhe ofereço a oportunidade de amar a todos os meus filhos.”.
“Mas babi... Eu entendo... Mas não sei se consigo, não sou você ...”.
“Novamente, é você quem escolhe. Não escolho por você, não posso fazer isso. Mas escolho você também como meu filho, como você me escolheu seu pai, seu amigo. E lhe deixo meus muitos tecidos imperfeitos para que veja os diferentes padrões da vida.”
“Babi, eu não sei ... Não gosto de mim ... Da minha vida ... Que faço?”.
“Aprenda a amar os outros, um depois do outro, a aceita-los mesmo na dor e na derrota, a tolerar os defeitos mais venais. E um dia chegará a vez em que o outro é você mesmo. E então você irá, infalivelmente, se amar. Não importa onde esteja, como esteja.”.
“É, pode ser... Vou tentar...”
“Mas não se esqueça, estou sempre aqui. Nos fios entre os seus dedos. Estou na sua vontade de amar. De viver, de respirar, de morrer. E estou em todos os seus irmãos também. E na vontade deles de viver, de respirar e de morrer.”
“Babi ... Não vá.” – respondeu ele com lágrimas nos olhos.
“Nunca vou. Estou sempre aqui. Não vê quem sou?”.

Enxugando as lágrimas, e abrindo os olhos cansados ele começou a reconhecer melhor a feição que o encarava. Os traços daquele rosto cansado. As mãos. O queixo comprido. O sorriso tranqüilo. A voz que sempre lhe soou muito familiar. Os olhos. Os olhos fascinantes, hipnóticos, com uma curiosidade desmedida. Primeiro pareceu ser o Sr. Farhad, depois o seu pai, depois Mehrdad, seu amigo de infância, por um momento pareceu ser sua irmã, e os gestos calmos eram como os de sua mãe. Mas não eram eles. Finalmente, reconheceu o semblante familiar: era o dele.

*Você tem olhos bonitos

nóia do Ram em quinta-feira, março 20, 2003/

 
Algumas curiosidades sobre o Irã
Vejam a reportagem sobre o Blair no principal jornal de Tehran, e algumas sugestões deste blog que me parece um blog como qualquer outro (inclusive este), só que a pessoa mora no Irã. Leiam o post sobre a comemoração do ano novo, e em geral, sobre a cultura de lá.

nóia do Ram em quinta-feira, março 20, 2003/

 
Começando pelo início
Bom, finalmente um descansozinho na correria de Berkeley. Estarei indo para Austin depois de amanhã, mas hoje coloco alguns posts atrasados em dia ... Pois bem, Happy New Year. Pois é, hoje, dia do primeiro bombardeio da guerra do Bush, é o dia também do ano novo iraniano. Feliz ano novo! Eid-eh Shoma Mobarak! (Em persa).
Estive num festival de dança, música e teatro iranianos para comemorar a data. Fantástico. Se puderem, sugiro seguirem para algum lugar onde possam ouvir a percurssão do Daf, acompanhada de Tar (ou a bem conhecida sítara, levada da Índia para o Irã). Se não puderem, substituam por Burçan Orçal, música tradicional da turquia com conexões ciganas, ou Natacha Atlas*, com ligações árabes e sabor moderno, para um gostinho de Teehran.
Num adendo, nunca me senti tão a vontade com pessoas de outro país do que com iranianos. Brasileiros e iranianos tem muito em comum, desde a sutileza romântica, ao gosto por festas e música, até o ótimo humor. Está muito enganado quem tem aquela visão de um Irã retrógrado, mesmo agora com a dominação do governo dos Aiotólas. Uma parte das pessoas deixaram o Irã, mas uma grande parte das pessoas ainda tem família lá, e me conta sobre a vida em Tehran e arredores. As pessoas tem menos liberdade que nos EUA? Certamente. Mas muito mais do que se imagina. Por exemplo, as iranianas só tem mesmo que usar um pequeno chale no cabelo, bem discreto. Até saia e jeans já é permitido. Festas, e música? O tempo todo. Dentro de casa, podem fazer o que querem. Obviamente ainda existe o conservadorismo sobre namoros com não-iranianos, se bem que os judeus também são assim. Fora isso, já me encontrei com muitos iranianos extremamente inteligentes e cultos. A maioria parece ser bem consciente sobre o mundo, e conhece bem o Brasil. Não é incomum encontrar iranianos que já visitaram o nosso país. Fantástico não? E esqueci de um detalhe, acho que as iranianas estão entre as mulheres mais lindas do mundo. Em termos de charme, são irresistíveis....

*Para o LEM: sabia que ela (Natacha Atlas) é o maior hit de Beirute?

nóia do Ram em quinta-feira, março 20, 2003/

terça-feira, março 18, 2003

 
Reprimessed
É difícil a vida de um eclético. Hoje deixaram minha opinião de lado sobre uma banda, porque gosto de outras (Cidade Negra, Gipsy Kings). Não é a primeira vez que isso acontece ("É impossível gostar de jazz e rock ao mesmo tempo ... "). Mas será que adianta explicar para as pessoas que a medida que vamos vivendo acumulamos uma gama maior de gostos? Ao menos comigo é assim. Não sei como responder a pergunta: que música que você ouve? Ora, se eu disser que sou fã sem reservas de Sonic Youth ou dos Pixies, bandas que me levaram a gostar de rock, não irão entender como posso gostar simultâneamente de ouvir Cidade Negra ou Shakira. Se eu disser que ouço Manu Chao e Cesária Évora, mas ao mesmo tempo dedico parte do meu tempo a conhecer Jazz, especialmente o trumpete e clarinete, que são meus instrumentos preferidos, me parece que as pessoas acham muito contraditório. Acrescente então a coleção, de um lado Bjork, Dinosaur Jr., cujo primeiro cd comprei lá para os idos de 1995, Sugar e REM, e de outro a coleção de sinfonias do Beethoven do Karajan ou a minha agora nascente coleção de música medieval. Será que é impossível Pavement e Enya residerem na mesma prateleira? Ou ouvir Renato Russo, Renata Arruda, Zélia Duncan uma hora, e na outra Chico Buarque? E que tal, the Orb pro café da manhã, com Ravi Shankar para o almoço e na janta Talvin Singh? E Sade com Skank e pitadas de músicas de escola de samba?
Uma pena estar fora do circuitão... Mas como diz o Billy Corgan: "...I wanted more than life could ever grant me/ Bored by the chore/ Of Saving Face/ Today is the greatest day I've ever known !"

PS: Pois é vejam vocês, hoje em dia quando me pergunto o que gosto de ouvir em música, sempre respondo: eu ouço o que eu gosto. Não penso muito não. Mas a metáfora aqui é maior. A necessidade de compartimentalizar as coisas está enraizada na cabeça das pessoas. Será que a incoerência e a surpresa não terão mais lugar no nosso mundo? Será que já sabemos demais para isso? Vou voltar aqui a minha sequência musical que inclui a 5a com Eagle Eye Cherry. É isso aí...


nóia do Ram em terça-feira, março 18, 2003/

 
Furor
E antes que elas me escrevem para criticar o furor do post anterior, somos ou não todos totalitários? Senão muitas poderiam fazer o favorzinho democrático de visitar alguns amigos do programa de engenharia aqui de Berkeley, que unanimemente votaram a favor da proposta em plebiscito recente.









nóia do Ram em terça-feira, março 18, 2003/

 
Pois é
O Haloscan é deprimente. Vários comentários sumiram. E como a lei de Murphy é infalível, sumiram os parcos elogios que constituiam minha dose diária de ego-trip, e ficaram as agudas críticas democráticas as quais me oponho completamente. Para quem não sabe, eu sou a favor do regime totalitário, onde eu sou o ditador.

nóia do Ram em terça-feira, março 18, 2003/

 
Resignation Speech
http://politics.guardian.co.uk/iraq/comment/0,12956,916359,00.html

nóia do Ram em terça-feira, março 18, 2003/

segunda-feira, março 17, 2003

 
Inspiração

Quando pensamos que tudo que resta é expirar, é deixar o ar sair no último sopro do coração, o mundo decide nos contrariar. Não só o mundo, o universo. O universo me contrariou anteontem, na lavanderia, quando me contou a história do João Felipe. Me contrariou na quinta-feira quando enviou o César para me convidar a tomar um café sem mais nem menos, na hora em que lutava contra os demônios do meu próprio universo. Me contrariou hoje, quando o Rui Pedro com uma simplicidade contagiante se pos a estudar na biblioteca. Me contrariou agora há pouco quando com lágrimas nos olhos o Fernando disse que não queria mais mentir para o universo, e emendou, com a placidez característica dos homens de paz, que era muito bom ter um amigo para conversar, para ajudar a se curar. Me contrariou há meio hora atrás quando a Ana queria tirar minha foto para mostrar para a avó dela a vida dela em Berkeley. Me contrariou há poucos minutos atrás, quando um chinês com quem nunca havia conversado concordou em me emprestar uma prova antiga da matéria com prova na segunda. Eu estava atrás de uma prova antiga ja faz um mês.

Vou sendo contrariado a cada minuto, mas mesmo assim reluto em deixar a minha vida fluir ao ritmo da música do universo. Como é que pode? Acho que é porque a graça de viver está justamente em ter o prazer em ser contrariado, em receber na ausência de expectativa. Quero me contrariar também no que diz respeito a mim mesmo. Especialmente nos momentos, como hoje, em que insisto em fechar os olhos e esbarrar nas paredes deste corredor escuro. Aos poucos estou entendo que não é se o corredor escuro é que importa, mas sim que o corredor escuro está me levando pela minha vida, está me levando para o meu destino final. Em cada canto desse corredor sinuoso, em cada sombra, está mais uma supresa para contrariar a minha vontade de ficar de olhos fechados.

nóia do Ram em segunda-feira, março 17, 2003/

sábado, março 15, 2003

 
João "pois é"
Pois bem, me cobrem a história do João Felipe, arquiteto, desenhista, e sobrevivente de uma das histórias mais comoventes e bizarras que eu ouvi nos últimos tempos... Ao ponto de afetar meus conceitos de vida... Se bem que tudo os afetam. São poucos... Coisas de cara que ainda está aprendendo a viver. Pois é, as melhores coisas da vida estão escondidas atrás dos seus próprios olhos. Pois é, que bom que ainda não estou de todo cego. Aprendendo a ver de novo.


nóia do Ram em sábado, março 15, 2003/

 
Mas uma lição
Aprendi uma coisa nesses últimos dias: estar sozinho não é motivo suficiente para trazer alguém para sua vida . Já me disseram isso, mas é mais fácil quando aprendemos vendo a prática...
PS: Pode até ser condição necessária. Mas o converso do teorema, a condição suficiente, não é forte para ser sempre verdadeira.

nóia do Ram em sábado, março 15, 2003/

 
Festas
Evitando o meu próprio destino incerto na prova de segunda feira, me meti sem querer num jantar no Pomengranate's Mediterranean food, de aniversário do amigo português Rui Peter (ou melhor, Rui Pedro). Depois, fui gentilmente convidado a ir a uma festa na Arch street, de flying colors. Please wait for the stories. Tinha até professor famoso me dizendo: desisti de tudo, podem ficar com todas elas! Pois bem, acreditem se quiser, a Milady Gwen estava lá, entre outros. Muitas histórias. Parece filme do Almodóvar, com encontro de personagens improváveis. Me cobrem. Só para a coisa ficar complexa (preservando os nomes), o Enio queria ficar com a Ana, que ficou com o Alberto, que esta esperando a noiva essa semana, e o Alberto quase ficou com a Patricia, mexicana linda, que dançava feito brasileira, que tem namorado. Isso tudo, com o cherry cake, que foi... Bom fica para depois porque tem muita estória para contar ...

nóia do Ram em sábado, março 15, 2003/

sexta-feira, março 14, 2003

 
E para algumas pessoas que estou para falar a séculos
Juro, ligo semana que vem. Depois da prova de segunda. Sério. Mesmo. Promessa. Isso, segunda.

nóia do Ram em sexta-feira, março 14, 2003/

 
Dia de virar a cabeça
Me cobrem, hino nacional no jantar no Nino's, o mineiro full professor e Milady Gwen no Mondo Gelato. E, ataque dos clones. Tudo em Thursday, que um patrício cisma em confudir com Tuesday.

nóia do Ram em sexta-feira, março 14, 2003/

 
Blog de purpurina?
Me disseram que blog é auto-indulgência, coisa de ego. Pois é. Concordo. Só que ainda estou para ver alguma criação de alguém que não o seja. E ah, para aqueles que as vezes esquecem, seja auto-indulgente ... Já são tão poucas pessoas a deixarem você respirar do seu jeito, que ser menos um que lhe dá este apoio é perder aliado fiel.
b*log is log of the power of b.

nóia do Ram em sexta-feira, março 14, 2003/

 
Música Amoral
Para quem, um dia, dizia que música era mesmo Sonic Youth e Frank Black, estou bem eclético. Mas ainda me cai muito bem o Sister depois do almoço.

nóia do Ram em sexta-feira, março 14, 2003/

 
Esquecido II
Já notei que a tendência é esquecer os dois esses no português. Casseta.

nóia do Ram em sexta-feira, março 14, 2003/

 
Esquecido
Vivo me esquecendo, mas sempre tem alguém, ou vários alguens por perto e por longe para me relembrar. Putz, que sorte conhecer as pessoas que conheço. Sinto saudades de todos, todos os dias. Daqueles que já se foram da minha vida, daqueles que estão por vir, e principalmente de todos que fazem parte dela hoje, de uma maneira ou de outra. É uma pena... Seria mais fácil largar tudo e sair correndo, se não fosse pelo meu compromisso de amar todos vocês. Como algumas pessoas já estão quase carecas de ouvir as minhas ranhetações diárias, fica o registro deste momento de deslumbramento total. Estou ouvindo agora uma música do Gypsy Kings (!), e estou imaginando a maior festa da minha vida, quando vou convidar os amigos próximos, e os outros 5 bilhões que ainda talvez venha a conhecer... Abraços a juros do PT para eles, e beijos sem mora nem demora para elas.

nóia do Ram em sexta-feira, março 14, 2003/

 
Para fazer num dia desses
Quando tiver um tempinho livre, e um pouquinho de inspiração façam o seguinte, sugerido por um cartógrafo morador daqui: Peguem um mapa mundi velho, destes que acompanham a National Geographic, Super Interessante, ou a Veja, e se sentem em uma biblioteca, perto da janela, de preferência. Com uma caneta acompanhem os contornos dos continentes bem lentamente. Suavemente. Ao acompanhar a caneta, imagine os locais onde a caneta vai passando, as pessoas que você conhece que são dali, as músicas que poderiam ser de lá, fotos que você lembra do local, nomes de jornais, nomes característicos de cada lugar, o olhar das pessoas ... Melhor ainda se for acompanhado de música.

Minha experiência foi que a imaginação se solta. E uma coisa curiosa acontece, os movimentos da caneta se tornam automáticos. É como se você naturalmente já soubesse de cada curva que as faixas de terra do planeta apresentam. Com mais tempo você pode ir fazendo os contornos dos países, e assim por diante. Fantástico. Algo para mais de uma tarde. Só sei que depois disto, de repente, descobri o quão pouco e o quão muito conheço deste planetinha. E senti como se todos estivéssemos esperando ser conhecidos. Contei isto para o tal cartógrafo, e ele me disse que é isto que leva alguém a seguir nesta profissão.

nóia do Ram em sexta-feira, março 14, 2003/

quinta-feira, março 13, 2003

 
Falta de charme
Porque as mulheres charmosas andam sumidas?

nóia do Ram em quinta-feira, março 13, 2003/

 
Café da perdição
Coffee Hour: tradição Berkeliana do local onde moro. Uma confraternização hormonal, cuja premissa falsa é dividir café. Pois é. Mentirinha. Estamos todos lá para cantar "Já sei Namorar" ( after Rafael Na Cara do Gol Lima). Só sei do seguinte: Freirinha ficou para trás. Agora é vez da alternativa loirinha de olhos lindos, e com a inscrição Not Even Absolute Anarchy na mochila. Que gracinha. Usando aquelas luvas compridas, de mulheres de sociedade dos anos 50, e se misturando pouco com as hordas de hienas sociais. Nada mais atraente que mulheres discretas com olhar firme. Ai, ai, acho que estou apaixonado de novo. Só fica uma sugestão, para se tornar irresistível, abandone os tênis modelo Bamba, e adote definitivamente botas de couro marrom castanho. E mantenha o sorriso plácido, combina com seus olhos. Ai, ai, morro de ataque cardíaco.

nóia do Ram em quinta-feira, março 13, 2003/

 
Cataploft
Mas o barulhinho não era cataplum? Hmm hum. Mas depois que caíu fez cataploft.

nóia do Ram em quinta-feira, março 13, 2003/

quarta-feira, março 12, 2003

 
Idéia de gênio
Pois é, você vive a reclamar que as rádios só tem djs chatos? Que tem que ficar aturando aquele carinha marrento e cheio de opinião, mas que raramente diz algo de original? Pior, que teima em inventar com música? Que sempre toca as mesmas músicas, mas decide tirar aquela uma que você gosta? Você anda cansado daqueles telefonemas e promoções idiotas? Pois, lhe informo que algum gênio da área da baía encontrou uma soluçao. Ele otimizou o sistema, removendo tudo que não era essencial. Então veja você, essa é uma rádio sem dj. Ou melhor sem ninguém. Eles tem uma lista de músicas que é atualizada duas vezes por ano. As músicas tocam o dia inteiro, em ordem aleatória. Praticamente não tem propaganda, porque os custos de manutenção são baixíssimos. Fantástico, não? Só vim a descobrir isso depois de ouvir a rádio várias vezes. Eles sempre tocavam as mesmas músicas em ordem diferente, e queria saber o nome de uma delas. Surprise!

PS: Agora o hilário é o seguinte - deem uma olhada na página. Eles tem estagiários ...

nóia do Ram em quarta-feira, março 12, 2003/

 
Nova gíria
Outro dia, andando por aqui, ouvi um novo verbo: to google. Ele disse: "Its quite easy. Just go to the library get the material and then you google mortgage finance...". Sei que vocês já devem conhecer, mas me espanta que nós do nerd-ring ainda tenhamos tanta força. Com o market em downside ... Blip-blip. Será que EECS é in?

nóia do Ram em quarta-feira, março 12, 2003/

 
Processo
Acho que ainda vou ser processado por falar besteira ou por contar verdades ...

nóia do Ram em quarta-feira, março 12, 2003/

 
Enquete
Acordei hoje (pois acreditem, acordei hoje duas vezes, isso que da' seguir o plano do partido trabalhista) com vontade de comer pastel, iguaria que não existe por aqui. Então ficam três perguntas sobre pastel: 1) Existe algum país que esteja no chamado grupo dos desenvolvidos que come pastel? 2) O que é melhor, catupiry ou minas? 3) Existe alguma pastelaria cujo dono não seja chinês?

PS: Estou pensativo. Uma pastelaria por aqui não seria má idéia. Até porque mão de obra não iria faltar, dado o incrível número de orientais.

nóia do Ram em quarta-feira, março 12, 2003/

 
Matemática de Brasília
Vejamos (essa é conhecida). a=b+1 | (a-b)*a=(a-b)*(b+1) | a^2 - ab = ab + a - a - b^2 - b | a*(a-b-1) = b*(a-b-1) | a=b | substituindo no original: b= b+1 e temos 0 = 1. Oba!
Para quem não captou, o problema não é que o capitalismo prega que zero é igual a 1 não. Pensem nisto...

nóia do Ram em quarta-feira, março 12, 2003/

 
Cuidado com as falácias
Anda circulando pela internet, o artigo do Pedro Dória, sobre a guerra do Iraque ser na realidade uma batalha pela defesa do padrão dólar. Perguntei a um amigo, que se diz abertamente anti-americano e esquerdista, e anda a fazer o doutorado em macroeconomia aqui em Berkeley, sobre o artigo, pois havia gostado dele, e os argumentos me pareceram muito bons. Bom, adivinhem a novidade. Meu amigo fez um pequeno projeto para o curso de macroeconomia em cima do artigo, e apontou as diversas falácias da argumentação. Muitos preceitos econômicos falsos são implicitamente assumidos na argumentação, e pior, alguns conceitos básicos de teoria macroeconômica moderna foram violados. Para botar a cereja no bolo, Akerloff, nobel de economia, outro ardoroso crítico do Bush, e membro da comunidade economica com viés de esquerda, avalizou o trabalho, pois foi professor do curso dele. Vou ver se consigo o trabalho do FMG para colocar aqui na página.
Fico aqui pensando: Se uma pessoa como eu, que costuma questionar as coisas, cai na falácia de palavras bem escritas, imaginem aqueles que nem tem tempo para questionamentos. Temos que tomar cuidado nesse novo mundo da informação. Muito lixo. Muita coisa difícil até de detectar. Pior do que isso, é acordar e ler no jornal o deputado petista Paulo Delgado a repetir o artigo, dizendo que o problema do mundo é o padrão Bretton Woods (a dolarização, aceita pela recuperação no pós-guerra), como se fosse dele esta astuta observação. Pelo menos poderia fazer uma pesquisazinha para ver se era verdadezinha. Não? Este Sr. acha que o padrão Euro é melhor. Mais engraçado, "eles vivem a ilusão do império imbatível". Hmm, será que história anda fazendo falta no 2o grau brasileiro? Impérios imbatíveis (ilusão de), que tal Romano, Inglaterra da Revolução, França dos Luises e do Bonaparte, Alemanha de Bismarck, Hitler, Itália... Ai, ai.
Só para concluir. Fica uma pergunta azeda na boca. Vamos admitir que a falácia fosse verdadeira. Pois bem, alguém aí pode me dizer porque é melhor ser escravo do Euro do que do Dólar? O que leva alguém a pensar que franceses e alemães irão ser mais amiguinhos que americanos? Falta de lógica. E isso aí. E para quem está adorando o papel frances ao impedir a guerra (eu particularmente, nao gosto de guerra, mas me abstenho de opiniao nessa guerra), sugiro a leitura urgente da biografia do Villepin no NYT (ministro das relações exteriores frances). O cara é inteligente, divertido e tal. Mas é ambicioso, e tem forte influência sob o Chirac. Quer ser o próximo premier Francês ... Patati-patatá... Como dizem: o mundo e dos espertos.
PS: Para quem não sabe, um dos maiores crimes contra o Brasil em termos comerciais é praticado pela França com seus subsídios agrícolas e impostos exacerbados para trigo e soja. Inclusive havia um caso na OMC, que o FHC empurrou com a barriga, e agora o PT vai fazer o mesmo. É isso aí, me engana que eu amo.

nóia do Ram em quarta-feira, março 12, 2003/

terça-feira, março 11, 2003

 
Não é a toa que são do contra
Terceiro jantar seguido com o grupo de franceses que mora aqui. Todos empurrados goela abaixo com muita elegância. Mas putz, são as pessoas com o ego mais inflado que já conheci. Pensava que eu era, mas como dizem: somos todos parte da manada . Se fosse o ego inflado tudo bem, só que reclamam quando você fala português na frente deles (e eu vou lá falar francês, língua perigosa nos arredores de San Fran), e depois desandam a falar francês, e a discutir o romantismo dos Parisienses. Acho que por lá eles tem mais tempo para ficar pensando na vida, já que economizam uma hora por dia com o banho. Ontem um brasileiro "teve uma emergência", para sair mais cedo, pois a situação era crítica. Pois então, segundo o Kiki-De-Galouchis-Merci, a parte do corpo favorita dos franceses são os genitais (isso após alguma deliberação, pois tentaram empurrar a romântica nuca). Na hora emenda um brasileiro, não é a toa que adoram queijos... A francesa mais bonitinha estava gamada num italiano que parece clone do Green Day. Cara gente fina. Mas como todo bom italiano, só conversa com você decentemente na frente de alguma mulher. Falando nisso, definitivamente é vantajoso ser mulher na Europa. Parece que andam em falta por lá. Voltando as francesas, todas fazendo muito gênero, e chicoteando os filmes americanos, e obviamente um português esperto, concordando com tudo. Até que um Bocu-Bocu se empolgou e malhou o filme Amélie. Pronto, estava formado o bafafá entre os europeus da mesa. O português esperto continou apoiando as opiniões das mulheres perfumadas. Uma delas era até parecida com a Amélie, só que no filme ela tomava banho. Bom, no fim uma conclusão: La vie se la mer (a vida é uma merda), le eau se la falta de mer. Pois bem, não é a toa que Sartre saiu de lá .... Como diz o Ronaldo Gaúcho: "Je Estoô felizô por morrari em Berkilí e ne pas Paris". E união européia? Quá, quá, quá.

nóia do Ram em terça-feira, março 11, 2003/

 
Frase da Semana
"Democracy isn't a debating club"
Inscrição colada na porta do meu vizinho, atribuída a GWB, Jorge Andarilho Arbusto.

nóia do Ram em terça-feira, março 11, 2003/

 
Pinana da Semóia
"Mas cara, sabe como é, adoro mulher intelectual, inteligente e liberada, mas a quedinha é mesmo pela mulher do povo, sensual e espiritual. E a bundinha..."
-Doutorando de literatura comparada e brasileira, aqui de Berkeley

Ganhou o prêmio Tatu-Jabaculê da semana, com a seguinte inscrição: "Intelectualidade e baixaria sempre se dão tapas, que acabam em beijos".

nóia do Ram em terça-feira, março 11, 2003/

 
Pois é, chega de coisa séria!
Podem me cobrar mais tarde uma explicação sobre como ensinar o computador a reconhecer a sua música! Agora, vou correndo para minha aula. Mas se vocês quiserem um pitaco de tecno-fun, deem uma olhada em: http://www.ieor.berkeley.edu/~goldberg/art/index.html. São horas e horas de diversão, sem saber direito o que você vai encontrar... Mas isso já foi ontem (tenho um amigo que trabalha com os peixinhos). Hoje, estou preparando uma surpresa pro verão californiano... Ah, vão ficar esperando...

nóia do Ram em terça-feira, março 11, 2003/

segunda-feira, março 10, 2003

 
Sentimento Estranho

Me passa um sentimento estranho, uma coisa esquisita, quando penso sobre essa possível guerra do Iraque. As pessoas se dividiram em dois grupos, cujas diferenças parecem irreconciliáveis. Não estou falando só de governantes, pois não acompanho a mídia, mas de pessoas que encontro no meu dia a dia. Fico aqui imaginando: se sobre um tema tão nebuloso quanto o dessa guerra, somos capazes de criar antagonismos profundos, permeados de raiva e maniqueísmo de ambas as partes, como as coisas não serão por alguma coisa que esteja próxima da nossa vida cotidiana. Cotidiana como dividir a herança da família, ou decidir qual será o colégio do filho, ou apartamento onde vai se morar, ou em como conciliar as diferenças entre um casal. Deve ser por isso que volta e meia encontramos pessoas que estão a fazer listas das suas inimizades e “piores/melhores”.

Outro dia, conversando com amigos numa cantina, os ânimos se arrefaceram porque uns estavam completamente a favor da guerra, e outros completamente contra. Todos aparentavam ter argumentos sólidos, recheados de fatos, e costurados para evitar qualquer contradição. São pessoas que passaram tempo pensando em como apresentar a sua “posição”, a “defender o seu lado”. Fiquei pensando naquela hora, enquanto o volume da discussão ia aumentando, em como nós buscamos situações para exaltar nossas diferenças. Talvez seja algo evolucionista, um desejo primitivo.

Observar um grupo de pessoas debatendo, sejam líderes ou sejam amigos, é como assistir a uma caça. O caçado (a pessoa com a palavra) é aquele leão faminto, que mesmo sabendo que está sendo caçado, acuado num canto, ainda tenta abocanhar um dos seus algozes. Os caçadores, mesmo na iminência de serem atacados por um leão, pensam ainda na possibilidade de matar o animal sozinho. A disputa continua até a última bala da pistola velha e o último rugido do leão cansado. Não é a toa que um debate eleva nossos níveis de adrenalina.

Engraçado como mesmo quando prestamos atenção no que os outros tem a dizer, raramente compartilhamos o que eles tem a dizer. Ou melhor, aceitamos compartilhar quando elas dizem o que nós já pensavamos. Acho que vivemos num mundo essencialmente individualista. Talvez, até ao ponto de trocaramos o aprender pelo saber. Eu sei parece ser mais convincente que eu aprendo. Quanto mais nos fechamos em nossas próprias idéias mais vamos nos isolando numa realidade caprichadamente construída, onde é mais fácil rejeitar alguma revelação surpreendente do que ajustar os nossos parâmetros pessoais.

Quando rejeitamos revelações, a mística do descobrir e a arte da tolerância, vão saindo pela porta dos fundos. As surpresas da vida, que tanto nos enchem de esperança quando de olhos e coração abertos, vão se tornando momentos de angústia e tédio. A certeza é o sentimento mais incerto que podemos ter. Certezas só existem quando reduzimos nosso mundo, nossa vivência, a uma pequena parcela daquilo que realmente experimentamos. As grandes idéias e revelações da vida fecham os olhos para nós.

Ainda me surpreendo como pessoas da minha idade, criadas num mundo cheio de liberdade e tolerância, são menos flexíveis ao questionar o seu modo de viver do que minha avó ou algumas das senhoras idosas do meu prédio. Talvez por imposição, as pessoas mais velhas tenham sido forçadas a se adaptarem as novas regras de conduta social, as novas maneiras de viver. Talvez a minha geração seja forçada a isso também no futuro.

De certa maneira, creio que fomos uma geração dividida. A primeira resultante de pais que puderam experimentar uma liberdade maior. E talvez por isso, tenhamos ainda lidado com alguns “traumas de liberdade”, como os diversos direitos adquiridos durante nossa infância e adolescência. Esse processo de conquista parece ter gerado grupos de pessoas jovens que parecem muito certas do que querem, mas que estão despreparadas a entender o que acontece com elas no decorrer de ir atrás de suas crenças. Entender, e aprender a mudar ou melhor aprender a aceitar. Aprender a se deliciar com as surpresas. Convicções constroem o caráter. Aceitar a incerteza de nossas convicções constroi experiências incríveis, constroi uma vida plena.

Ainda me lembro de uma coisa que minha avó me disse quando me mudei para cá. Assim que ela soube que ia me mudar, me ligou lá de Madras, para me parabenizar. Ela me perguntou se eu estava muito entusiasmado e feliz com a mudança. Eu respondi que sempre quis vir aqui, que estava mais que preparado e ansioso. Ela então me disse, não esqueça de mim. Eu perguntei porque. Ela me disse porque queria aprender, de novo, com o neto como de correr atrás de um sonho, e que o neto aprendesse com ela a gostar das surpresas que os nossos sonhos nos trazem. Ah, ela me disse uma vez, no Brasil, depois que perguntei para ela se ela não tinha medo de se perder na rua, pois não sabia falar português nem inglês: “Eu tenho paciência para encontrar meu caminho de volta. Já não cheguei até aqui?”.

PS: Me ocorreu agora, que a premissa em que construímos boa parte do que é a civilização ocidental hoje se baseou no conceito da certeza em se saber o que é melhor. Mas será que sabemos? Talvez no processo, perdemos um pouco do saber mais poderoso que existe: saber compartilhar, saber reconhecer, saber aceitar. Não precisamos ser os melhores para sermos felizes. Como incidente histórico, perto de onde minha avó mora, ficava uma das bibliotecas mais antigas da Ásia. Os ingleses queimaram todos os livros, que iam de filosofia, passando por matemática, a recontagem em detalhes dos diversos ciclos históricos da Índia. Até hoje, no prédio existe um inscrição (atribuída ao gestor ingles local): “A única verdade que importa é a verdade levada pela Coroa Inglesa”.

PS2: Outro incidente que me lembrei. Numa longa conversa com um amigo, muito tempo atrás (eu deveria ter uns 12 anos), contei uma estória clássica indiana para explicar alguma coisa. Eu confundi o final (contei errado), e minha irmã, na época com 6 anos me corrigiu. Eu insisti com o meu lado da estória. Ela recontou a estória corretamente, e até mencionou um livro que ela tinha ganho de presente. Mas, cândidamente, no final de tudo me disse: “Mas se você quiser Ram, eu fico com o seu final. Ele é até mais bonito.” (e ah, não era nada). Incrível, né?


nóia do Ram em segunda-feira, março 10, 2003/

domingo, março 09, 2003

 
Pesquisa mostra insatisfação das mulheres
(O Globo, 09/03/2003, Segundo Caderno)

Miriam (Goldenberg, Antropóloga, autora) tem feito uma pesquisa com 1.279 homens e mulheres do Rio e chegado a algumas conclusões que não vão agradar muito ao sexo feminino.
-Tenho encontrado uma insatisfação permanente na mulher. Por mais que o homem ceda, ela quer mais. E quando ele dá muito, ela cansa — diz Miriam. — Elas estão sempre muito insatisfeitas, seja quando o homem ama demais (“sufoca, tira a liberdade”), seja quando ama de menos (“não conversa, não é romântico”).

Não se desesperem. Podem me enviar um e-mail.

nóia do Ram em domingo, março 09, 2003/

 
Conselho do meu ex-orientador
Ele: "Ram, you are overworked.". Eu: "Not that much". Ele: "Its ok, but the thing is you need to get it out of your system". Eu:"Hmm?". Ele: "Work a 100hs/week , but you need a girl" (não sabia da resposta do outro prof). Eu: "Hmmm.". Ele: "Get a girlfriend". Eu: "That's another 100 hs/week project". Ele: "Don't get a smart girlfriend". Eu: "Aha!".
How soon is now?

nóia do Ram em domingo, março 09, 2003/

 
Conselho de um amigo
Mas um amigo me disse: "mas cara você não lutou por isso? (vir para Berki - lei)". Eu: "sim". Ele: "Então ora, ponha a porra das horas, e vê no que dá". Ter amigos sabidos dá nisso... Já de cara significa voltar ao trabalho ...

nóia do Ram em domingo, março 09, 2003/

 
Pois é
Um professor sobre pesquisa: "My goal is a hundred hours a week". Eu: "I am starting tomorrow"... Pois é. 100 hs/week = 14 hs/day. Not too bad if you work weekends. Take Sunday off, then you have 16.1 hs/day. Sleep 8. And there you go. Blah.

nóia do Ram em domingo, março 09, 2003/

sábado, março 08, 2003

 
Observação
Comigo, educação e refinamento ainda valem muitos pontos tá.

nóia do Ram em sábado, março 08, 2003/

 
Sugestão
Querem ver o outro lado da vida. Leiam Tagore, Maugham (que tal, "Razors Edge" e "Of Human Bondage") e Charlote Bronte. Incluam ai toda a colecao do Xisto.


nóia do Ram em sábado, março 08, 2003/

 
Pedido de clemência
Tenho notado que cada vez mais ando escrevendo português cada vez pior. Tenham paciência. Somada a minha natural falta de habilidade com a nossa linda língua, o fato de praticamente só estar lendo o Globo em português contruibuem para a queda acelerada na qualidade do que escrevo. Também acho que meus posts padecem de revisão, só que não tenho muita paciência para isso :-). Eu escrevo e vai. De uma tacada só. Que nem diz o Pablo Conejo: "Os erros são espirituais".

nóia do Ram em sábado, março 08, 2003/

 
Fraternity Party
Fui convidado ontem a ir uma Frat party, ou seja, uma festa num casarão, onde residem um grupo de alunos numa espécie de república estudantil. Esta fraternity até era composta por pessoas muito interessantes, pois o tema era ciência e engagamento político. A festa foi bem legal, detalhes mais tarde (a saber, uma garota me disse que sou um pool shark!!), mas pela primeira vez presenciei o uso indiscriminado de drogas. É engraçado, antes eu sinceramente não ligava se os outros usam ou não drogas. Agora, continuo não ligando, só que vou dizer uma coisa: as drogas fazem um mal danado, são destrutivas. E tem o poder de destruir não só a vida de quem consome, mas também daqueles que estão a sua volta, e em maior escala, de destruir uma sociedade. Já que são raros os jovens de minha idade que exprimem esta opinião: sou contra as drogas. Contra mesmo.
Então tá. Conheço muita gente que usa remédios (já que ficar chamando de droga, narcótico, entorpecente, fere susceptibilidades alheias). Mas a maioria - nem todos- das pessoas que conheço perdeu o seu centro de gravidade por causa dos remédios. Um ótimo exemplo, é um garoto de 19 anos que mora no meu prédio. Extremamente talentoso, veio fazer matemática em Berkeley. Muito interessado e tal, mas se sentiu excluído da sociedade estudantil, até porque o 1o semestre aqui é muito puxado. Então, para conhecer pessoas, começou a frequentar estas festas, inclusive uma na casa de um professor de inglês dele, que por sua vez consumia maconha (professor não é exemplo?). Ele me contou que a festa era uma "orgia da maconha", e ele foi apresentado ao uso da droga ali. Pois bem, isso foi a 7 meses. Hoje, ele consome cogumelos alucinógenos regularmente, continua o consumo da maconha, e está se detonando em todas as matérias do curso. Ele me disse que sabe que as pessoas não são sinceras, sente solidão e tal. Arrumou uma namorada, e apresentou ela as drogas. Juntos consumiram cocaína no fim de semana passado. Ecstasy ele não usa, porque vários drogados profissionais (gente que se drogou nos anos 70,80 e 90, mas trabalham) já disseram para ele que é a droga que mais os afetou. Pois é. É uma opção da pessoa? Pode ser. Mas acho que as drogas são consequência de sua situação. Está preso a uma sociedade (não só a americana) massacrante, cujos ideais e desejos inatingíveis são uma bigorna na cabeça. Não só através do óbvio ideal materialista (mulheres, fama, dinheiro, etc), mas também através do que chamo de massacre da imperfeição: você não é perfeito, não defende criancinhas, não se preocupa com o social, não sente dó nem piedade do sofrimento alheio, é um consumista, etc. Ontem, queria conversar comigo. Pegou uns livros de matemática emprestado e me disse que sua memória não andava lá essas coisas. Mas ficamos de discutir o assunto regularmente, porque gosto muito de teoria de números e ele também.
Então tá. O verdadeiro homem livre é aquele que não deixa a liberdade sufocar a si próprio. Caminhar com os próprios pés, olhar o mundo com sinceridade, e acima de tudo, muita esperança, são alguns benefícios de liberdade. Talvez sejam a melhor forma de enfrentar as pressões do mundo moderno. As drogas produzem cenas curiosas. Em algum momento da festa de ontem, a maioria das pessoas ficaram dopadas. Foi muito esquisito. É uma experiência e tanto olhar nos olhos das pessoas que estão sob o efeito de alguma droga. O olhar costuma ser distante, frio, o corpo se torna uma carcaça que carrega o peso de viver. São quase zumbis (isso quando não se tornam animais). O que achei revelador, no entanto, é que perguntei algumas que aparentavam ainda raciocinar coerentemente, o que se passava na cabeça delas logo antes de tomarem as drogas. A maioria me disse: hábito. E conversando um pouco mais, você vai ouvindo temas unificadores: solidão, pressão, falta de esperança, utopias que pressionam, ... Não quero dizer aqui que o consumo de drogas é causado por isto, pois seria uma simplificação descabida da realidade. No entanto, uma coisa é certa, a sociedade de hoje não é um lugar agradável para se viver. Nos tornamos escravos de nossas próprias utopias materialistas de liberdade. Tão ruim quanto o capitalismo tóxico da sociedade de consumo, é o maniqueísmo ideológico que leva o homem a sentir vergonha de si mesmo.
Hoje, presencio rotineiramente longas apologias a favor do uso das drogas, pois todos temos o direito de fazer o que quisermos. Por outro lado, acho que é uma discussão absurda, porque é um pouco a situação do ovo e da galinha, o que vem primeiro? Será que o indivíduo que usa drogas preserva sua capacidade de decisão e liberdade, e não afeta a vida dos outros? Ou parte de ser livre é o direito de usar drogas e se auto-destruir, destruindo, no processo, um pouco do filamento do que convencionamos chamar de sociedade?
Eu, preferia um mundo sem drogas. Com certeza. Um mundo onde as pressões sobre as pessoas fosse inexistente também. Só que esta pressão não é algo político ou econômico, é inerente ao ser humano. Temos uma necessidade imensa de sermos aceitos. De sermos parte. Quando conseguimos nos libertar desta amarra, a vida se torna mais leve, o homem experimenta paz. A pressão desaparece. E acho, pois eu não sou livre, que neste momento diversas revelações devem nos ocorrer. Entre elas, a futilidade e o poder destrutivo das drogas...

PS: Até hoje não encontrei uma pessoa que fizesse apologia/uso das drogas, e me oferecesse o seguinte: "eu sou feliz." Ou "eu estou tranquilo." Ou "eu estou em paz".
PS2: Talvez, as melhores drogas, aquelas que parecem realmente estar em falta, são amor e compreensão ao próximo.
PS3: Já notaram que quando estamos sob o efeito de qualquer forma de narcótico, inclusive o alcool, nos comportamos de forma quase homogênea?
- A minute of peace is one more minute in your life.

nóia do Ram em sábado, março 08, 2003/

 
Paranóia
Noias sobre o tráfico. Guerra do tráfico explode no Rio justamente no momento em que encontram as falcatruas do Garotinho. Guerra se alastra quando o dinheiro do Rio está bloqueado. Primeiro pedido, oficial, da Rosinha: "liberem o dinheiro do Rio". Ah, tá.
Governo Colombiano afirma, sem desmentidos da FARC - os maiores traficantes de drogas da America Latina, e de cocaína do mundo-, que os líderes do grupo de traficantes estão foragidos no Brasil. Lula se recusa a chamar guerrilheiros assassinos de guerrilheiros. No Fórum de São Paulo, Lula assina documento onde diz que guerrilheiro e terrorista é mesmo o governo colombiano. Agora o governo Lula pede o controle da polícia do Rio. Ah, tá.

Ainda bem que eu não sou paranoico. Agora, uma coisinha, o lulinha bem que poderia parar de fazer apologia de vendedor de drogas. Este não é o exemplo que o Brasil precisa não. É patético falar mal de empresário, e ficar fazendo média com estes empresários...

nóia do Ram em sábado, março 08, 2003/

quinta-feira, março 06, 2003

 
Aturando
Para vocês que vivem aturando as minhas diversas mudanças de humor, fica o registro: me considero uma pessoa de muita sorte. No fundo, a certeza de que vocês estão por perto é que me mantém na busca incessante pelos meus ideais. Vou retornar a eles agora, pois estão me esperando em dois papers e 2 capítulos de livros para quarta feira. Um beijão para elas. Para eles, a torcida para que ganhem beijos delas!

nóia do Ram em quinta-feira, março 06, 2003/

quarta-feira, março 05, 2003

 
Quarta feira de Cinzas (Trevas)
Dia de se reconfortar no sofá, e assistir Americano contra Friburguense, para aguardar a definição das semifinais no Caixão 2003. Hein, o que? Que nada, aqui não tem feriado em carnaval não. O máximo são as cinzas que você pode passar na testa depois da missa (se bem que o céu hoje está "cinza"). Pois é. Mas como o carnaval é aquela coisa meio intelectual-alegre-povão, cheio de coisinhas legaizinhas, resolvi deixar alguns pedaçinhos de sambas que, assim, largados pelo meio provocam reflexão típica de pos-festa.

"Um mar de rosas esta vida, /Lavando as mentes poluídas, /Taí o nosso carnaval !!!" Mocidade, 1991

"Sonhar não custa nada/ E o meu sonho é tão real/ Mergulhei nessa magia/Era tudo que eu queria/Para esse carnaval
/Deixa a sua mente vagar /Não custa nada sonhar" Mocidade, 1992

"Mais vale a simplicidade/ A buscar mil novidades/ E criar complicação/ Esquecendo o bom e o útil/ Renegar o que é nosso/
Gera insatisfação" Imperatriz, 1995

"Assim, o homem com sua ousadia/Avança o sinal no jardim do amor/Deu um salto, dominou a terra/Terra de Nosso Senhor
/Olha pra mim, diga quem sou/Eu sou o espelho, sou o próprio Criador" Mocidade, 1996

"Quem é pobre tá com fome /Quem é rico tá com medo/Vou dizer ... /Quem tem muito, quer ter mais/Tanto faz se estragar/
Joga lixo no chão, tem bugica pra catar" Império, 1996


nóia do Ram em quarta-feira, março 05, 2003/

terça-feira, março 04, 2003

 
Saboroso
Nada como a pizza do Fat Slice para você se sentir 1) vivo 2) alimentado 3) tranquilo, afinal você só come lá se já estiver convencido que a data da sua própria validade não é tão importante ... Ah, para vocês terem uma idéia de preços, a pizza com uma Coca, custa US$3,50, o litro da gasolina US$0.50 (pizza = 7 litros de gasolina), e o salário do atendente do balcão US$ 2,000/mês em média (balconista = 571 pedaços de pizza/mês + trocadinhos). Touché.

nóia do Ram em terça-feira, março 04, 2003/

 
Moral da Guerra
Não importa qual seja o resultado da atual tensão militar no Iraque, quem irá sofrer as consequências é o povo iraquiano. São pessoas como eu ou você, que também tem sonhos e ideais, também possuem famílias, também estudam em uma universidade. Só uma coisa não me sai da cabeça. A maior diferença entre nós e eles, é que existem um monte de indivíduos deste lado convencidos da certeza de saber o que é melhor para o Iraque, o que é melhor para o povo daquele local. Fica só uma sugestão simples: para aqueles tão convencidos de suas posições, que tal ir morar lá por um tempinho. De repente assim as coisas que você acredita tenham reflexo na sua vida. E aí ao invés da voz da razão, vai valer a voz da experiência ...

nóia do Ram em terça-feira, março 04, 2003/

domingo, março 02, 2003

 
Se mais alguém...
Se mais alguém aparecer dizendo que tenho sorte por estar onde estou, vou partir para agressão ... POrque é que nunca dizem: cara, parabéns porque você mereceu por todo esse trabalho duro e sacríficio ... Essa é a diferença entre o americano e o brasileiro.

nóia do Ram em domingo, março 02, 2003/

 
Tenham pena de mim
Tenham pena de mim porque já estudei muito e não consigo usar o que sei. Foram anos na aridez de bolsas de pos-graduação e tortura dos grandes professores latifundiários. Hoje não tenho um tostão furado, e só como as sobras de comida de reunião. Tenham pena, porque fui alienado de minha família, indo buscar em outro bolsão menor que salário mínimo, uma oportunidade para meu ganha pão. Tenham pena de mim porque de pessoas assim ninguém tem pena. Mas tenham pena de mim porque já que a gente só faz as coisas no Brasil quando tem sentimento de culpa, tendo pena de mim, teremos uma educação decente nesse nosso país. E tomara que a educação sirva para abrir o olho de muita gente que acha que estudos são privilégio. São não. Sabe porque: Foram minhas 16 horas por dia investidas atrás de livros, meus incontáveis sacrifícios para seguir sem me perturbar com a realidade miserável dos salários para quem estuda, pior para quem tem pós-graduação, minha paciência para aturar as crendices de uma classe média brasileira subjugada por idéias políticas anacrônicas, e estapafúrdias, movida a sentimento de culpa, aliadas a ter patriarca na família que mesmo sem diploma achou diploma algo essencial é que permitiram isso. Isso é sangue. Muito sangue e vontade. E se você acha fácil, então que faça. Nada nesse mundinho é fácil... Fácil é sempre colocar a responsabilidade nos ombros de quem é mais exposto. Querem fazer o país crescer? Crescam e apareçam. E sabe qual é a verdade? Perguntem ao Roosvelt da Grande Depressão ... Depois nos falamos.

nóia do Ram em domingo, março 02, 2003/

 
Plano de Educação Lulinha-Arbusto
Como sanar o problema da educação e alfabetização no mundo? Criando o programa 0-0-0. Zero conhecimento, zero tolerância e nota zero. Primeira medida: o aluno só passa de ano na escola se tirar zero ou abandonar a educação no 1o grau. Segunda medida: fuzilar todo mundo que sabe alguma coisa e não tem sentimento de culpa porque sabe. Terceira medida: acabar com essa idéia idiota de país, para facilitar a geografia mundial. Quarta medida: Queimar todos dicionários, permtindo que cada um atribua o significado democrático que quiser para cada palavra. Quinta medida: Não tem porque só existem números até 4. Medida complementar: juntar os porcos capitalistas e os asnos socialistas num grande celeiro sem idéias e tocar fogo na discussão, e na palha seca.

ô Xente !


nóia do Ram em domingo, março 02, 2003/

 
Lula: um operário na presidência
Ram: um líder mundial no programa de doutoramento. Realmente, já fazem anos que não vivo do meu salário de líder mundial, que faço alguma coisa que tenha a ver com liderança, que me atualizo com as teorias socio-econômicas modernas, ou faço um cursinho de línguas ou de aperfeiçoamento. Mas isso não importa, porque como tenho experiência sendo líder do mundo em todos jogos de War que joguei no meu passado e mentor de todas as cidades de Lego, estou mais que preparado para retornar ao posto daqui a alguns anos. Claro que atualmente vários inimigos ocultos ficam me impedindo de atingir o meu objetivo. E também quando atingi-lo, não vou solucionar os problemas impossíveis que me parecem possíveis porque sou inexperiente. Porque mereço ser líder mundial? Porque sou o menos preparado para a posição. Quem não tem conhecimento do que está fazendo não erra no trabalho, está é aprendendo on-the-job. Mas não se preocupem, tenho aposentadoria do governo garantida, porque sou filho de pai sem recursos (professor universitário - sertão das universidades federais), e com a espera, perco o dedo também (i.e. esperar chupando o dedo). E não se preocupem, vou continuar sem aprender nada relativo a liderança mundial. Até porque aprender demais é pecado, já que tem muita gente ignorante no mundo, e é sacanagem com o socialismo universal saber mais que eles.

nóia do Ram em domingo, março 02, 2003/

 
Invasão à esquerda
Me digam o seguinte, porque é que no Brasil, só se vende em banca revista esquerdista? E os destros como é que ficam? Vão ter que virar a página ao contrário? Ah, vá! Acho que deveriam parar de tirar colunistas do sono criogênico, e deixar mentes mais frescas fazerem a encadernação das idéias. Mas tá tudinho de bonzinho. Lindinho. Porra nenhuminha.

nóia do Ram em domingo, março 02, 2003/

 
Menção Honrosa
Estou ficando famoso. Uma das estrelas emergentes do mundo blog (descubram quem foi, só digo que tem gosto de limonada) me fez uma citação pessoal no biloguê. Mais uns 15 caracteres de fama. Me preparando para quando me candidatar a chefinho da paz e do amorzinho delas, na nação do verde-olimpo. Mas olha só, para elas que gostariam de saber mais de onde vem tanto charme, gostosura e bom humor, podem me escrever. Não tenho brindes não, mas cuido de você com muito carinho.

nóia do Ram em domingo, março 02, 2003/

 
Blip da Terra do Mau-Mau (2)
Nosso imperador Pedro I, ou alguém antes dele, foi um visionário. Antevendo a importância deste composto natural, batizou uma cidade com o nome de Petrópolis. Mas cuidado, porque senão o Senhor da Terra do Mau-Mau ou o Titio da Luz Branca (dependendo do lado que você está) - Mr. Jorge Arbusto - vai invadir. Até que ele poderia fazer um estágio lá no maraca, com a torcida mais querida do Brasil, a raça Fla. Sempre que estou lá, eles estão cantando: "Ei! Ei ! Vamo invadi ! Vamo invadi !". No fim, não acontece nada. Qualquer coincilhança é mera semecidência.

nóia do Ram em domingo, março 02, 2003/

 
Blip da Terra do mau-mau
Já que está na moda viver no mundo dos diminutivos e maniqueísmos, que fazem as coisas parecerem mais simples e palatáveis do que realmente são, como em Lulinha paz e amor, eixos do mal e fernandinho beira-mar, vou também adotar essa postura. Isso mesmo, com muito cuidadinho para não machucar nem os protestantes da paz universal, e nem os amiguinhos das bombinhas, tadinhos. Eu sou a favor e contra a guerrinha e iluminação dos oprimidos alheios. Eu sou a favor, porque a guerrinha vai libertar os amiguinhos dos elfos, da dominação do malévolo Sr. dos Tonéis, e promover a união de toda aquela terra mérdia. A magia e ostentação do grande rei Xá (Patinho e Lagarto) irá retornar trazendo consigo as velhas canções dos X-men (os X mais ricos do mundo). Eu sou contra porque a peleja nos desertos anti-capitalistas é uma conspiração contra a estabilidade do mundo e existência da social-humanocracia. Derrubando o Comandante Hussein, uma marionete do grande Satã irá controlar as terras prometidas, levando a sociedade de consumo a consumir a mãe. Depois de consumir a mãe, o planeta vai sair de órbita por causa do peso excessivo dos aliados do grande Satã, desbalanceando os movimentos celestes. Assim acabaremos todos nas chamas do sol, como já era planejado pelo grande Satã que queria mesmo era ser dono de Petrópolis....

Pois é, como diz um amigo meu (mentira, digo eu): "No oriente médio, a coisa tá preta. Sempre esteve. Preta, de petróleo".

 

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