Uma voz a mais, a menos.
Na hora de procurar a bio:
Ram Rajagopal
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terça-feira, junho 28, 2005
MUDEI DE ENDEREÇO!
Apontem seu mouse agora para: http://cataplum.estertores.com
Nada mais de problemas de formatação a la blogger... Para quem não conheceu, os Estertores da Razão foram um dos mais legais grupos de discussão que já existiram na língua de Camões. Uma sociedade secreta, que uniu grandes cérebros do Brasil. Hoje eles secretamente influenciam boa parte da mídia online... hmmmm... Como os estertores RIParam, eles vivem! Aguardem.
PS: EU DETESTO PROBLEMAS DE FORMATAÇÃO! VIVA LA REVOLUCION!
nóia do Ram em terça-feira, junho 28, 2005/
segunda-feira, junho 27, 2005
ZOOFINDIS
No domingo, eu, mero mortal, provoquei o caos. Fiquei dando direções aos turistas sobre como chegar aos pontos turísticos de Mumhaten. Imaginem só, "are you from here", "yeah, yeah". Queriam ir para o barquinho da estátua da liberdade, eu conencia irem para o Museu de Arte Moderna. Queriam ir para ver o parque central, eu despachava logo para o lado de mis hermanos.
But, but, o melhor foi ouvir no ônibus para IKEA, quando cedi meu lugar para um sr. professor de Columbia, que ia se sentar mais próximo da sua familia, que "eu não deveria deixar Mumhaten". Eu ocupado em ir para meu novo assento passei direto e não ouvi. O professor foi atrás, disse "excuse-me, did you hear what i said?!". "Hum?", "You shouldn't leave mumhaten!". Primeira vez que ficaram chateados porque não prestei atenção num elogio... --------------------------- Viver só da cabeça cansa. Sérius mesmo. Eu gosto de meus momentos head-free, em que tomo um sorvete, ouço qualquer música porcaria no-head, ignoro qualidade, prefiro os busters, e despise com todas as minhas forças os comedores de clássicos. Nestes momentos, minha maior diversão é caçar fast-food pela cidade. É uma boa atividade. Já descobri cada lugar. --------------------------- Tem gente que faz um escândalo enorme porque come comida italiana com nome e sobrenome. Nada mais repelente. A comida que vem da Itália prima pela simplicidade. Os camponeses queriam cozinhar simples e gostoso. O segredo é ter legumes frescos, uma boa farinha de trigo, umidade adequada, e é claro, the best extra-virgin oil. Se você come carnes, então cortes frescos e com tiras de gordura, de prefs. Pronto, você vai ter um bom prato de comida italiana. Comida francesa é coisa análoga. To falando do que o francês inventou, e não as cópias recentes de fusion asiático.
A coisa mais complicada é sem dúvida comida indiana, paquistanesa e algumas iguarias chinesas. O problema ali é a profusão de especiarias, e a ordem cuidadosa em que devem ser usadas. Senão ficam parecendo estas pastas amarelas, sem textura ou finesse, que o pessoal fica dizendo "curry disso" "curry of that". Por favor. Quer comer um curry? Pergunte quantas texturas diferentes, cheiros e sabores você encontrou no momento da primeira mordida... Se foi só o que você imagina que é o curry, esqueça. O curry é matrix: é tudo aquilo que não é curry. Simplesmente porque não tem receita. Cada um tem a sua. Bem como o gumbo e o chilly. O chilly sim é uma arte.
E ao contrário dos macacos-da-moda tupiniquins que soltam gritinhos ao experimentar comidinhas da mamma, o chilly é uma arte que merece ser apreciada. O chilly é invenção daqui, com intervenções providenciais dos negros-franceses erradicados por aqui muitos séculos atrás e dos mexicanos que forma enxotados daqui. Um molho de carne, ou legumes, com concentrado westchester sauce, feijões, molho de tomate, e as indefectíveis especiarias. E é claro, como esquecer do molho de pimenta. Não precisa ser apimentado, como por exemplo, com o molho de pimenta Chipotle. Se vocês não sabem, a pimenta não é usada por arder, mas é para dar cheiro camarada. E o chilly tem que ficar horas cozinhando. Cada chilly é um chilly. Até mesmo a mesma receita muda de gosto. A panela onde você cozinha faz diferença até. Ela absorve os cheiros.
O chilly já ta virando menú-degustation em Mumhaten, e daqui a pouco até os bigodinhos estarão lá petiscando. Mas quem for nessa onda, vai perder o melhor do chilly. O melhor do chilly requer esperteza, papo, e paciência. Alguns dos melhores chillies que já experimentei foram em Austin, na casa de um amigo, o do Trudy's é razoável, em Nova Orleans, mas lá tem que caçar, e sem dúvida no Spanish Harlem/Harlem. Claro, na Califa, o veggie-chilly de alguns pontos berklianos é perfeito. Mas fazer um bom chilly é uma arte... Uma boa combinação é o Chilly-Dog, e dizem que o do Yankee's Stadium é muito bom. Nunca experimentei.
Mas arrisque, experimente. Saia da rarefação. Eu fico sempre chateado no Rio, porque o nosso público restauranteur é tão conservador, tão sem sal, que raramente* comida internacional de verdade tem chance de se estabelecer. No Rio, ainda se acha o máximo se comer macarrão com molho de trufa. Tá, linguine al truffati. Nada de errado. Eu sou um grande fã. Mas ficar só nisso... Que pobreza. Coisa de gente ignorante. Não querer experimentar é ignoranço.
*Veja só, eu sei dos nihongos, do schezuan chinês e do semi-tex-mex. Mas é pouco. É irrisório. Nem tem garam masala, carripatá, cardamomo, e tantas outras coisas... -------------------------------
Amo nossa comidinha, inclusive o indefectível arroz, feijão, batata-frita, salada e uma omelete. Mas morro sem o sambar, sem um currizinho de vez em quando. Por isso to aprendendo de tudo um pouco. Não contem para ninguém, mas quando faço Strognoff, coloco de sopetão, uma pitadinha de garam masala. O pessoal adora, e nem sabe de onde vem o cheirinho... Tá aí, viu só. Tenha sempre seus truques.
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Técnica para impressionar uma garota: Capeletti a la vodka. Flambe o seu molho a la vodka sem vodka, com uma pitada de vodka. Um destes pratos que leva vinte minutos,'tem um nome atraente, e impressiona aqueles não familiares com colocar o pézinho na cozinha. Quem coloca sabe: fazer pasta é das coisas mais divertidas e facéis que existem. O mais difícil é acertar o ponto dos legumes, caso use algum, e da pasta. Mas a Barilla é fácil. Lembrem-se, os legumes, com raríssimas exceções, devem ficar crocantes. Melhor cru e crocante, do que aquela geléia, que normalmente como nos restaurantes daí.
Senão invente... Linguine a la Calabrini : molho pomarolla com presunto e linguine. Ou senão, um que eu já fiz, Fusili Orientale: sobras de fusili com cebolinha torradas em óleo de amendoim e molho shoyiu, Pedacinhos de tofu acompanhando, e cenouras transversais adicionadas a massa bem no fimzinho. Gergelim. Era só o que tinha em casa na ocasião...
nóia do Ram em segunda-feira, junho 27, 2005/
DA BLOGUE
Vladas, please perdoe as intuições de forma que o blogger tem de vez em quando. Pois sim, o blogue virou orgânico, atingiu a maioridade, e agora os hormônios estão fazendo ele alinhar o texto do jeito que ele quer. Mas não era disso que ia falar não.
And his aesthetics. Todo mundo já sabe da estética blogue. O ar está ficando um pouco rarefeito. Mas rarefeito é bom. O ar de outras mídias de comunicação atualizadas, como do pai-que-nunca-assumiu-o-filho, o jornal, já está rarefeito há algumas décadas. Porém, rarefeito é ruim quando não cria novidades.
But is it news? Já tem muito blogue bom no Brasil dando notícia. Sim, sim. Acreditem. A melhor cobertura do mensalão, é do vizinho do Roberto Jefferson. Se bem que tudo que ele faz é ler o jornal do dia, e escrever sobre o que leu, nos lembrando que just yesterday he was smoking a cigar com uma daquelas meninas que frequentam o mensalão.
Então cadê o porto? The blog-stetics tupiniquim é uma espécie de linguagem que se estabeleceu na zonosfera. Frases curtas. Sarcasmo. E abusos de conhecimento. Ah, but? Depois de um tempo enche. De que adianta saber de mais um sabido, like mike. Like me. Talvez eu nunca fui destes que apreciou a maquiagem das modelos da Victoria's Secret.
Para ser bem honesto, sempre apreciei a cor do cabelo, os olhos, os movimentos. O jeito de andar. Mas maquiagem, né não. Isso é minha idiossincrasia. Mas aonde você quer chegar? Acho que a lugar algum.
E talvez este seja o ponto. Blogue algum quer chegar a lugar algum. Depois de um tempo eu quero ir para algum lugar. Não seria uma boa? Acho melhor voltar aos meus programas de computador. Enquanto isso, be like mike.
nóia do Ram em segunda-feira, junho 27, 2005/
MAMUTES SE MOVIMENTAM
Numa vitória parcial, a indústria de entretenimento ganhou o direito de processar empresas que disponibilizam tecnologias de file-sharing pelo conteúdo que suas redes carregam. Segundo, o que ficou decidido, dependendo de como a empresa marketeia o seu serviço, ela é legalmente reponsável pelo conteúdo.
Infelizmente, esta vitória é o primeiro passo para a regulação completa de novos canais de distribuição de informação. Cedo ou tarde, teremos novas batalhas judiciais envolvendo desde citar materiais registrados com copyright em blogues até colocar fotos encontradas na net num website.
Toda tecnologia de divisão de informação gerou enormes economias para esta indústria de entrenimento, no entanto, como na época do VHS, quando tentaram barrar também aquela tecnologia, agora as mega-corporações se assustaram com o que viram como o surgimento de novos canais de distribuição.
O temor maior não é a pirataria, apesar deste ser o bode expiatório da vez. A tecnologia de fitas está aí ha anos, assim como os cds piratas. O medo maior é perder o monopólio dos canais de distribuição, que hoje se concentram em mega-websites como da Amazon, e lojas offline. A tendência é que os serviços de file-sharing estavam se tornando novos canais. Um canal se estabelece provendo conteúdo popular, e aos poucos toma conta desta cultura.
Infelizmente, o capital financeiro das mega-corporações é muito grande, e fica difícil você concorrer diretamente. Mas vamos ver aonde isso tudo vai dar...
PS: Este post foi escrito de sopetao.
nóia do Ram em segunda-feira, junho 27, 2005/
NÍVEIS DE DIFERENÇA
Semana passada assisti a um debate político na "Chamber of Commons" inglesa. Esqueci o nome do evento, mas é basicamente onde o primeiro ministro, agora reeleito, tem que defender suas propostas em uma sessão contínua de debate. Os líderes dos outros partidos, e representantes eleitos podem perguntar ou rebater as propostas do primeiro ministro, e ele tem que re-rebater (isto é, defender), e defender as posições que propõe para seu próprio partido.
É um evento magnífico. Pela primeira vez pude ver uma espécie de beleza na política, que a qualifica ao mesmo patamar de uma ciência, de arte. A câmera é em formato oval, com todos os representantes eleitos se sentando ao redor de um espaço deixado no meio. No meio, o primeiro ministro e o líder da oposição tem uma bancadinha. Todos estão sentados, mas quando irão tomar a palavra tem que ficar de pé. Caso sejam os líderes, eles se aproximam rapidamente da bancadinha, e desatam a falar.
O debate acontece em vaivém. Os movimentos para a bancadinha são rápidos, e os dois líderes tinham sua maneira própria de se levantar rapidamente, e se aproximar da bancadinha, e se apoiar nela. Era quase como um balé. Não estou brincando. Os movimentos eram precisos. Mas o melhor era o debate.
Todos falam numa velocidade incrível tentando surfar a onda de energia manifestada pelos representantes dependendo do que foi dito. Os comentários, perguntas, e respostas são recheados de finas ironias, e são quase sempre sucintas. Algumas respostas qualificam como enrolação, mas até estas são sucintas. O esforço e o foco dos partcipantes e intenso. Um exemplo de troca:
Líder dos conservadores: "He said he was against reforms in university funding and became in favor of it! He was against toppling Saddam and became in favor of it! He was in favor of the UE constitution and became against it! What are you in favor or against? Of both!"
[Gritos de Aie! Aie! Aie! com muitas risadas]
Resposta de Tony Blair: "I am in favor of deciding the best for the country! I still believe that my choices reflect what I sincerely thought was the best for the country at that moment. [Um trecho sobre a nova política para EU]. The leader speaks of being in favor and against, but as I remember, he did side with us in every step of the way. So are you in favor or against?! "
[Gritos de Oh, ohhh, ohh, Aie! Aie! Aie! e gargalhadas]
O incrível é que o questionamento ia a níveis de detalhes incríveis. Um representante perguntou da política do governo sobre a proibição de asbestos. Outro sobre a guerra. Outro sobre o investimento em reforma de uma seçao de uma cidade. Se o primeiro ministro não é minimamente preparado, certamente faz um papelão. Mas raramente as trocas são brandas. São quase sempre feitas com palavras afiadíssimas, e com bons argumentos e momentos do mais fino humor inglês. Um prazer assistir.
Será que um dia teremos algo assim no Brasil? Sem preconceito, o Lula jamais sobreviveria uma sessão destas. Nem o Bush. Mas o Brasil, ao contrário dos EUA e Inglaterra, tem políticos de uma qualidade muito ruim. Nem venham comparar o calibre intelectual de um Donald Rumsfeld ou de um Dick Cheney com os nossos equivalentes nacionais. A maioria tem uma educação duvidosa, e pouca técnica política. Pior, parecem não aprender nunca. Depois querem dizer que o Brasil está pronto para ser o "líder" do terceiro mundo. Meus amigos sempre apontam um Celso Amorim ou até um Suplicy como exemplo. Infelizmente, é muito pouco para se levar um país a sério no cenário internacional. Deus é que faz o Brasil ser levado a sério, por toda sua abundância de matérias primas, objeto de desejo internacional. Jamais a nossa qualificação política.
Mas para não dizer que o Brasil não tem ou teve políticos de expressão mundial, D. Pedro II tem uma estátua ergida em sua homenagem em Washington.
nóia do Ram em segunda-feira, junho 27, 2005/
AD DEATH TO THE TEMPLATE!
Blogger, blogger. Agora está testando os limites da minha paciência... Acho que vou arrumar um soçaite pra mim.
nóia do Ram em segunda-feira, junho 27, 2005/
SEM SAL
Depois de um fim de semana fazendo compras para casa, e carregando estas compras por muitas quadras, é muito irritante ver ainda as mesmas velhas discussões no jornal... A bem da verdade, o PT é o unico partido que ainda acredita que não está envolvido no mensalão. Assim como o governador Lula, que é o homem mais ético da terra. Coisa que qualifica ele para fazer parte do circo.
No Brasil tudo é óbvio. É óbvio que o jornal iria colocar na capa o pedido de união civil para casamentos entre gays. É óbvio que a estória da CPI iria estar lá, só que como sempre apontando dedos aos poucos acusados. Jamais questionando a filosofia política que leva a estes níveis de corrupção (tem até nome, populismo esquerdista). É óbvio que iria aparecer que o Flamengo está mais uma vez na Zona do Rebaixamento. É óbvio que ia ter menção a histérica revanche entre Brasil e Argentina pela Copa das Confederações, algo fundamental no big scheme of things, e é óbvio que iriamos encontrar erros de português e linques no jornal... Ainda bem que os brasileiros são criativos no dia-a-dia, porque segundo o jornal são todos óbvios.
Bom, de qualquer maneira boas aventuras aconteceram no fim de semana. Coisas não tão óbvias. Dessas eu conto quando tiver processado o humor atual.
nóia do Ram em segunda-feira, junho 27, 2005/
domingo, junho 26, 2005
UMA BOA CARTA PARA O MARACA...
Leiam esta carta que achei hilariante. E os comentários me levaram a aqui. Das coisas mais hilariantes também.
nóia do Ram em domingo, junho 26, 2005/
sábado, junho 25, 2005
ANALOGIAS FUTEBOLÍSTICAS... "The stubborn man achieves; the blind man deceives" - Metchik Patras.
Tem muita gente achando que o problema são os jogadores, não o esquema tático. Já se mudaram jogadores e técnico muitas vezes, mas o time continua sem conquistas, perdendo. Será que não é hora de questionar o esquema tático? Quantas vezes mais o tal esquema tem que se mostrar falho e fraco, para abandona-lo de uma vez?
Ao menos no futebol, estamos mais envolvidos com os resultados, do que com o esquema, e por isso, em geral, se identificamos um problema com este último, rapidamente exigimos mudanças. Já na vida...
nóia do Ram em sábado, junho 25, 2005/
sexta-feira, junho 24, 2005
UMA BOA IDÉIA
Uma boa idéia não é tão simples, que é uma obviedade, uma banalidade, nem é tão complexa, que é difícil de entender, de se apreciar. Ter boas idéias é uma arte que depende tanto do acaso, quanto de continuamente tentar... Mas com certeza, a densidade de "boas" idéias parece aumentar ou com a quantidade de capital político ou com o teor etílico.
Acho que boas idéias não são necessárias para se viver. Mas que usar as engrenagens neuronais traz saúde é inegável. Vejam só, quando tenho uma boa idéia para algo no trabalho, costumo comemorar dando uma volta no parque e tomando sorvete. Quer coisa melhor? Tá tirando beijos, abraços, e umas outras atividades que não mencionamos por aqui, mas que por via das dúvidas, todas estas facilmente se tornam má idéias, como testifica o Ronaldinho.
nóia do Ram em sexta-feira, junho 24, 2005/
RAUL NOSTRADAMUS
Veja - Diante desses três fracassos, o que restou das suas convicções?
Gabeira - A decisão de me apoiar em alguns princípios de atuação: a democracia - como uma visão estratégica, e não mais como os comunistas a viam, uma tática para chegar ao poder -, a defesa dos direitos humanos, da consciência ecológica e, finalmente, da justiça social. E caminhando por aí eu acho que posso fazer alguma coisa. Não é mais uma grande revolução, com o esplendor daqueles tempos, mas é um pouco parecido com aquela história do Salinger, de O Apanhador no Campo de Centeio: quando eu era jovem, eu queria morrer pela revolução. Agora, quero viver para transformar um pouco as coisas. Sem grandiosidade, sem melodrama. Com pequenas ações, apenas. Eu não gosto muito de políticos polêmicos e extremistas, mas tenho um desgosto ainda maior por políticos que tentam passar uma imagem de “cara legal”. Em geral, esta imagem está tipicamente acompanhada de uma série de preocupações e mensagens de um lugar comum emocional, que são verdades inquestionáveis. Por exemplo, devemos “reduzir a pobreza na sociedade”. Sem nenhum conflito, sem avaliar o contexto desta idéia, sem apresentar as possibilidades e o que é factível, o que é necessário, não há como se contestar o argumento. Ele apela para o valor humano mais básico, que é a auto-preservação, gostar de si mesmo. Como plataforma política é uma banalidade. Existem muitos exemplos assim. Acabar com a fome, proteger a natureza, promover a liberdade e democracia, trazer a igualdade, e bla, bla, bla. Quando estas “propostas” são usadas para angariar votos até se entende. Quando pessoas se convencem de que esta é sua “ideologia” política, então há algo de grave acontecendo...
Ainda mais quando raramente sua ideologia política apela para conhecimento, reflexão e experiência. Quantas pessoas que afirmam banalidades ideológicas se preocuparam em explorar a fundo a questão, ao ponto de ter tido tal experiência, de se relacionar com pessoas assim. Na maior parte das vezes, uma espécie de arrogância intelectual toma conta do animal político, daqueles que pensam ao menos, ao imaginar sistemas de vida no lugar de uma sociedade orgânica. A experiência diz que administrar, tal qual viver, é sempre uma questão de escolhas num ambiente restrito. Entre as opções disponíveis qual é aquela que trará um maior benefício num prazo pré-determinado. A segunda questão de administração pública, é a escolha do que se conflagra como um benefício. Um benefício é uma espécie de score que mede o quanto se perde em uma coisa para se ganhar em outra. Um administrador escolhe o seu score de acordo com o mercado, e com o que é bom para uma organização no longo prazo. Infelizmente, nenhum destes passos é seguido seriamente por políticos tupiniquins.
Estou começando a aceitar que falta cultura e educação no Brasil, faltam pessoas interessadas em conhecimento, e faltam ainda mais pessoas inteligentes que não se entreguem ao banderismo fácil, a complacência com os mecanismos de pensamento existentes. Que não se tornem pregadores de obviedades, e nem vivam da pena e da dó do próximo. Que sociedade precisa de pessoas que sentem pena dos outros? Precisamos de de pessoas que sintam pena de si mesmos, por não explorarem todo seu potencial, que sintam dor pela ignorância, afinal a ignorância impede o desenvolvimento de cada um, mas além de tudo precisamos de pessoas inteligentes o suficiente para saber os limites de seu conhecimento, sua experiência. A partir deste reconhecimento, você pode criar idéias efetivas, de acordo com o que você sabe, e não para satisfazer lugares comuns emocionais, ou criar imagens que agradem ao seu ego. Afinal, quem quer ser um “cara legal”, está mais preocupado com a imagem do que com a sociedade.
Uma buquê ou a lâmina afiada da realidade e da verdade? Precisamos escolher sob que princípios iremos construir nossas vidas. Aparências ou experiências?
PS: Umas semanas atrás, uns estagiários da IBM vieram com uma discussão sobre marxismo. Diziam que se trata de uma boa idéia, mas que não pode ser implementada. Um bom ideal. Questionei o tal ideal, ou mesmo a idéia, e o fiz com a intenção de estudar a reação das pessoas, pois para mim não faz muita diferença marxismo, isso ismo ou outro ismo, vive-se aonde vivemos. A reação foi a mais simples e esperada, sete pessoas dizendo que “se preocupar com a sociedade” é importante, que a “igualdade socio-economica na sociedade” é fundamental. Que “qualquer pessoa preocupada com pobreza e sofrimento” acredita que se trata de um bom ideal. Eu disse que qualquer pessoa preocupada com pobreza e sofrimento, trata de curar a pobreza de seu próprio espírito, e encontrar uma solução para o seu sofrimento, pois quem somos nós para arrogantemente determinar quem sofre e quem não sofre? Obviamente fui enxotado verbalmente. Duas semanas depois, quatro dos indivíduos compraram 4 celulares novos, que custam cerca de 300 dólares. Perguntei porque? Simplesmente porque queriam, deu vontade. Nestas horas vemos quem acredita no que pregam como “bom ideal”.
Infelizmente, estou notando cada vez mais, aumenta o número de pessoas que sacrificaram o espírito, que deixaram de acreditar na grandeza da vida, nas infinitas possibilidades. Passam a viver monotonamente, comprando celulares e pregando “bons ideais”. Mas jamais lhes passaria pela cabeça viver o bom ideal, descobrir aquilo que lhes é sua essência. E como já disse muitas vezes antes, sequer admitir que idéias diferentes são possíveis, que devemos pensar realisticamente, e que existem limites para o saber de cada um. Tudo baseado na experiência e na reflexão. Não imaginem que eu faço tudo isso, o que estou pregando isso porque me imagino “melhor” que os outros. Mas eu sei o meu lugar, e sei os limites do que sei. Dentro disso, até tentando aumentar este espaço, tento ter novas experiências. Erro muito, mas ao menos admito que erro, e aceito que posso estar errado... Quantos políticos “caras legais” pensam assim?
PS2: O título do post está relacionado com uma previsão do Raul Seixas, o Nostradamus tupiniquim. Vejam só se ele não disse tudo sobre a índole política prevalente no nosso país.
nóia do Ram em sexta-feira, junho 24, 2005/
quinta-feira, junho 23, 2005
SERVE THE SERVANTS
A justiça não pode servir como instrumento de satisfação da dor das pessoas. No recente caso do desaparecimento de uma americana, Natalee Holloway, em Aruba, uma série de pressões da mídia e da familia da desaparecida, podem ter levado a prisão de um jovem de 17 anos na cadeia. Em Aruba. Não há indícios de onde a garota foi parar, e a última pessoa a ter encontrado ela foram 3 rapazes, dois do suriname e o jovem holandes. A razão para ele estar na prisão não está clara, pois ninguém sabe nem mesmo se houve um crime. Mas a pressão da mídia americana sobre a justiça de Aruba é enorme, e a simpatia gerada pela garota, bonita e loira, levou a reportagens onde ela aparece como ótima aluna, e o tal rapaz, realmente um bravateiro, como um monstro com problemas psicológicos. Quer dizer, as entrevistas que foram mostradas na tevê aqui.
A questão não é se o garoto é culpado ou não, mas sim como a pressão da mídia, e dos pais que já chama o rapaz de assassino, mesmo sem indícios de um assassinato, ou do envolvimento do tal. A dor de um parente pode levar a isso. O que não pode é a mídia criar comoção pública, mostrando um suspeito como culpado. Ainda mais colocando pressão sob o sistema policial e de justiça de um lugar pequeno como Aruba. Um exemplo típico, é uma reportagem que mostra a garota como um anjo de aluna, e o rapaz como bêbado em Aruba. Obviamente, se a garota foi comemorar sua graduação da High School em Aruba, em parte deve ter sido porque pode se beber lá com a idade de 18 anos. E algumas testemunhas inclusive dizem que viram ela e suas amigas completamente bêbadas em bares e boates, dançando no pódio e tudo. Omitir coisas assim certamente cria uma "opinião pública".
O que fazer para mudar isso? Não sei mesmo. Talvez, a Fox e a CBS possam ser processadas pelo pai do rapaz por dengrir a imagem do filho. Quanto ao caso, tomara que se resolva e tudo esteja bem com a garota. Eu vi uma pessoa entrevistada na tevê dizendo que "o que querem que o pai faça, procure pelo corpo da filha em latas de lixo? Este rapaz tem que admitir a culpa e ir para prisão". Isso sim, é opinião pública... Mas certamente não é veredito da justiça. Veritas!
nóia do Ram em quinta-feira, junho 23, 2005/
terça-feira, junho 21, 2005
CRIATIVIDADE DOS POLVOS
Agora lá em Brasília, o mestre de cerimônias manda avisar que:
"Antes eles falavam que tinha ministério demais, secretarias demais, depois que quebraram todas as barreiras resolveram quebrar a questão ética e tudo isso por conta de um cidadão de terceiro escalão dos Correios (o ex-chefe do Departamento de Contratação de Material dos Correios Maurício Marinho) que pegou R$ 3 mil, mas ninguém tem mais autoridade moral e ética do que eu para fazer isso, para transformar a luta contra a corrupção não em bandeira, mas em prática cotidiana".
Sim senhor, prática cotidiana. Seria parecido com a prática do prefeito assassinado de Campinas, do tesoureiro do partidão, do tesoureiro de campanha assassinado, dos traficantes que doam para campanhas de certos partidos? Nossa, quando o polvo fala assim até assusta. Mas cuidado, as vezes pode soar incoerente. Afinal, o partidão não é o partido das bandeiras? Sei lá... A única prática cotidiana que eu conheço e ficar viajando para país, enrolando em algodão egípcio, curtindo a banheira nos céus, enquanto a escumalha ou se faz de boba, ou é completamente ignorante. Ou ambos.
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